segunda-feira, junho 12, 2006

(dos guardados, ora dedicado: a Andrea, Sidney e Marcos)



Vivo no eterno. Deidades inaudíveis faíscam. Pãezinhos são colhidos, amassados, perfumados pela bruma, antes de pousarem à margem dos cestos. Dentro deles, dançam e somem.
Meu amado recosta-se na poltrona. Minh’amada flutua sobre o tapete vermelho. As malas estão abertas. Os trajes encontram-se em festa, zunindo.
Doces irmãos louvam seus deuses. Espero por eles, polindo as rochas. Virão. Sua carruagem aproxima-se. Haverá somente um minuto. Devo ocultar o livro.
O cravo, o violino, os sinos! Ponham-se entre as árvores para recebê-los — imploro em silêncio. Fartas, febres e friagens, revoam. Estou no jardim. Vou, suspenso pelos cabos de força, chegar à porta.