quarta-feira, agosto 30, 2006

ego eco

Estou no de noite. É no quando vai ficando pertinho do a hora de dormir. E, mais importante, é ainda no aquele dia, que é o hoje tanto quanto é o antes. Hora estranha! Mas nem dá medo. Ou, se dá, é um pouco só. No antigamente, devia de ser o tempo terrível. Dizem que nem luz, e até nem poste e nem rua, não tinham as gentes. Ficavam lá, vela acesa, ouvindo nada. Já pensou?
Por graça, vivo no agora – este nunca – iluminado. Mas confesso, faz pouco, fabriquei um escuro. Baixei as cortinas, liguei umas velas rosadas, liguei na tomada uma peça tocada ao cravo, esquentei a água, fiz o chá e postei-me diante deste artefato de plástico, esperando o sono ou a revelação. Fechei muitas vezes os olhos, bebericando a poção de maçã fervida. Estive a fazer perguntas. Daquelas! Ninguém respondeu quem sou, para onde vou, de onde vim... Tampouco chegou o correio eletrônico marcando a hora do encontro. Aquele!

Pelo que, tenho a dizer, em nova confissão: a liberdade é uma dádiva. Mas viver assim, no mundo prometido é, por vezes, assustador. Aí vem o medo. Vem o esquecimento. Com eles vem a choramingação. Ao invés de livre, me chamo solitário. Ao invés de presente, me digo à espera. Ao invés de ser, digo sou.