sexta-feira, outubro 19, 2007



Ando sem vendas, com olhos multifocados a ponto de perceber a mordaça a conter suavemente os dedos. A boca vai solta, espalhada em dizeres.
Passo os dias envolto em palavras-armas: julgamentos, sentenças, leis.
No começo da noite corro, arrasto pesos, estico músculos nunca d'antes navegados, sob império de palavras-pontes: siga, respire, acredite.
Chego tarde às palavras-casa: águas e alimento. Repouso um tanto sobre palavras-portos: livro, história, idioma, ponto, acento.
Segue-se a noite e nela a palavra-invento: sonho um cometa, um eterno, um outro-dia, um à mão-livre, ao vento.
Na nova manhã, aspiro palavra-alento: conto.