Sonhei estar com crianças. Íamos em perseguição a um livro escondido. Uma biblioteca, guardada por um homem-mau-de-história, era o cenário. Chegamos à conquista de uma edição rara do Pinóquio, mas não era este o volume procurado. Antes da conquista, acordei. Nem me lembro qual era o tesouro. Sonhei também ruas confusas e travessias perigosas. Acordei do avesso. Ainda tento ajustar ao corpo a alma amarrotada. Assim me apresento nas vésperas de cada jornada: manhã.
Depois vejo. Há luz. Os dias são de cores. As bromélias invadem os troncos fincados nos canteiros da rua. Os caminhos são rosados.
E ouço. Há ruídos. As máquinas persistem. Há as que roncam, as que trincam, as que travam e as que se abrem para receber e devolver as vozes do mundo.
Creio. Há fé. O inverno é em novembro e o agora é. Os sinos quase não mais existem e, mesmo assim, tocam-me. Tenho uma nova bússula. Uso óculos e máquinas. Anseio dizer façanhas. A cor é a do corpo - cor nenhuma e vária. Significo ao menor sinal da dor.
Hoje quis mudar o mundo. Era o fim da tarde, fim da jornada-do-homem-no-dia, quando encontrei os velhos. Marcas de dor beiravam seus cantos – bocas, olhos, dedos: fronteiras suas entre o dentro e o fora. Cogitei ações e métodos. Sonhei ofertas de dias novos, com outras e claras manhãs, outras tardes de sossego, outras noites de festa. Depois suspirei, exnxergando o engano. É tolice inventar um futuro para presentear aqueles que só necessitam de um novo passado.
Na noite, o desejo de sonho impede o sono. Sigo à procura de entendimento. Encontro uns ditos e uns silêncios. Disseram-me: antes de ser nasci. Sobre o antes disso nada disseram. Disseram: depois de ser vou morrer. Está tudo quieto. Os ruídos existem, mas estão lá na rua, fora do quarto, longe da cama. Os ruídos estão no além.
Depois vejo. Há luz. Os dias são de cores. As bromélias invadem os troncos fincados nos canteiros da rua. Os caminhos são rosados.
E ouço. Há ruídos. As máquinas persistem. Há as que roncam, as que trincam, as que travam e as que se abrem para receber e devolver as vozes do mundo.
Creio. Há fé. O inverno é em novembro e o agora é. Os sinos quase não mais existem e, mesmo assim, tocam-me. Tenho uma nova bússula. Uso óculos e máquinas. Anseio dizer façanhas. A cor é a do corpo - cor nenhuma e vária. Significo ao menor sinal da dor.
Hoje quis mudar o mundo. Era o fim da tarde, fim da jornada-do-homem-no-dia, quando encontrei os velhos. Marcas de dor beiravam seus cantos – bocas, olhos, dedos: fronteiras suas entre o dentro e o fora. Cogitei ações e métodos. Sonhei ofertas de dias novos, com outras e claras manhãs, outras tardes de sossego, outras noites de festa. Depois suspirei, exnxergando o engano. É tolice inventar um futuro para presentear aqueles que só necessitam de um novo passado.
Na noite, o desejo de sonho impede o sono. Sigo à procura de entendimento. Encontro uns ditos e uns silêncios. Disseram-me: antes de ser nasci. Sobre o antes disso nada disseram. Disseram: depois de ser vou morrer. Está tudo quieto. Os ruídos existem, mas estão lá na rua, fora do quarto, longe da cama. Os ruídos estão no além.
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