sexta-feira, outubro 17, 2008

Setembro foi ruidoso. Houve tarefas demais. Houve reformas nos dentes, nos ouvidos, nas juntas, movimentos necessários a indicar a necessidade de meditar uns assuntos e o assunto, aquele.
Outubro é ruidoso. Há grandes chuvas. Há calores e frios. Ora a tempestade bate à janela, pede-me atenção. Apesar sento-me aqui. Estou íntimo. Desejo contar e contar-me.
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Piso atento ao pisar. Encanta-me o poder estar em pé e, pé-ante-pé-e-pé-após-pé, atravessar uns trechos do mundo.
Leio atento ao ler. Desconfio de mágica quando a coisa-livro, feita de coisas tantas, fica esquecida entre as mãos, restando inventado um encontro entre o eu-a-ouvir e aquele outro-no-passado-a-dizer.
Escrevo atento ao escrever. Reconheço a mão, a máquina, a mesa, o chão sob a mesa, o espaço entre as letras, a distância entre o dito e o não.
Toco atento ao tocar. Entrego-me a braços outros, tomo nos braços outros, em sonho de não-distância, ciente de estarmos voando no mesmo ar.
Atento atento ao atentar.