quarta-feira, novembro 26, 2008

Morrem - humanos - em guerras. Morrem em atentados. Morrem no acaso das armas; e em ruas com bueiros entupidos de lixo, incapazes de suportar as grandes águas. Dias atrás morreram meninas também. Na noite medito os fatos e tremo: são mortes conduzidas por mãos - humanas - capazes.

Procuro meus filhos, moradores do lá longe. O menino não responde. A menina responde citando Kalil Gibran. Lembro-me de ter lido o mesmo trecho em tempo de ser filho. De reler em tempo de ser pai. Lembro-me de que sou homem vivo. Ouço a chuva doce. Ouço o leve ruído dos dedos sobre as letras. Ouço a menina dizer: estamos no ano da Tormenta Elétrica, estamos no fim do mundo.

N'outra manhã compareço, reabro os jornais, abro os olhos. Logo aqui ao lado, o retrato da varredora ocupada em limpar a calçada em frente ao Hotel Taj Mahal, em Mumbai. Uma vez estivemos juntos a poucos metros um do outro. Tomei-lhe a imagem pelas costas.



Hoje, estamos juntos aqui. Quisera ajudá-la a varrer o horror para algum não-mundo.