domingo, novembro 30, 2008

Penso enchentes. Mais do que em águas aquelas cidades estão submersas no lixo – produto da indústria humana. Em socorro dos desabrigados para lá mandaremos mais e mais garrafas de plástico, fraldas descartáveis e cápsulas cheias de produtos tóxicos. Mandaremos os milhões necessários à reconstrução das casas daqueles que as perderam. Deixaremos de mandar os outros milhões necessários para a construção das casas daqueles que já não as tinham.
Penso atentados. O Primeiro Ministro indiano pediu pela paz, sentado de costas para um busto de Gandhi. No Congresso, a extrema direita granjeia votos, acusando-o de incapaz na condução do país. Vociferam afirmando ser necessário seguir o exemplo das potências ocidentais após o onze de setembro.
Penso perguntas. Nossas cidades carecem hoje de destruição? Nossos modos de conviver, de produzir e partilhar o pão, pedem revolução? Nossas mentes carecem trasmutação?
Penso o pensamento. Seguem em mim perguntas de criança. Teimo em ver o mal sem crer no Mal, senão em territórios fantásticos. Somos – iguais – passageiros. Nossos desejos são – iguais – irrealizáveis. Seguimos: humanos iguais – cabeças, troncos, membros e ignorâncias.