terça-feira, janeiro 13, 2009

Nota. Imperativo é o tom.
Estou a ouvir peças para cravo – Antonio Vivaldi – e a perceber coisas. É fim-do-dia e sou tocado pela música que percorreu séculos, por escrita, e chega aos meus ouvidos, nesta quase-hora, saindo de uma máquina, depois de ser lida pelos olhos e reinventada pelos dedos de um certo Enrico Baiano em contato com um cravo, gravada por sei lá quem e guardada dentro de outras e outras máquinas.
Nota.
Depois escuto Théo de Barros. Este escreveu Disparada, canção que eu cantarolava na infância, porém seu nome me era estranho até hoje. Conhecedor de orquestras, o senhor Théo. Conhecedor de Vivaldi, decerto. Chego a ouvir esta voz, também pela intervenção de milhares de máquinas, instrumentos e ondas. Espanto é o nome de uma canção do disco. Canção conhecida no tempo em que me conheci – aquele do fim da infância, aquele do começo da ignorância real, aquela a me acompanhar até agora e, é quase certo, ao além.
Nota.
O Império prepara-se para receber o novo grande homem. Será na próxima semana. A guerra no Lá prossegue, mas agora as vítimas se acumulam somente às dezenas, então as notícias vão deixando as primeiras linhas. Nestas só cabem mortos quando aos milhares forem recolhidos ou se faltarem os sacos para guardá-los.
Noto.
As canções embalam, desde... Não conheço música vinda da Palestina, ou do Vietnã, ou do Congo, se ainda houver Congo. Isto posto, ouvirei uma canção do Egberto Gismonti recontada por Esperanza Spalding e, apesar, vou me recolher ao território dos sonhos.
Nota.
Nota. Nota. Nota. Nota. Nota. Nota. Nota.