quando chovia, muito chovia
e os ventos por demais ventavam
sopros e águas, águas e sopros
era o que se via, era o que se sabia
as cordas, as teclas, os metais e os dedos
as telas, as tintas, os pincéis e os dedos
as letras, os sinais, os metros e os dedos
era a matéria que havia, pois a chuva seguia
os olhos abertos percorriam veios d’água
nas orelhas-conchas os ventos ressoavam
das mãos um mundo novo brotava
depois, foi a vez da estiagem sem fim
a tormenta ocultou-se entre outros guardados
na arca dos contos que contam o fim
e os ventos por demais ventavam
sopros e águas, águas e sopros
era o que se via, era o que se sabia
as cordas, as teclas, os metais e os dedos
as telas, as tintas, os pincéis e os dedos
as letras, os sinais, os metros e os dedos
era a matéria que havia, pois a chuva seguia
os olhos abertos percorriam veios d’água
nas orelhas-conchas os ventos ressoavam
das mãos um mundo novo brotava
depois, foi a vez da estiagem sem fim
a tormenta ocultou-se entre outros guardados
na arca dos contos que contam o fim